quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Algoz

Há algo no ar, pairando sobre nós, que nem todos – ou talvez ninguém...! – consegue entender. Algo que nos incomoda, perturba nossa paz e transforma os dias em eternidade.

Sinto algo no povo que o entristece, que faz com que a lagrima se torne sofrida e o riso sarcástico. Não é uma interferência bizarra nem uma disfunção temporal. O que se sente no ar, aquilo que quase podemos alcançar com nossas mãos humanas e falidas.

Veio do alto, do mais alto grau de comando. O povo grita e chora em silencio, posso ouvir seus lamentos em seus passos e gestos. Ele grita para aquele que o representa, condena, pune e ri com desprezo.

Prende, sufoca e mata de fome aquele que um dia foi o escolhido. O povo está preso e com fome.



Maria Helena Moreira

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Entardecer



Sentada aqui, observando o firmamento azul se tingir de rosa, penso sobre as idéias que me fogem quando o Sol se mostra. Ouvindo uma musica cuja letra não sei que não conheço, reflito sobre questões que ninguém se importa em pensar.

A mágica do Crepúsculo está alem de qualquer criatura fantástica, a Lua que surge nos cantos lilases do dia é mais soberana do que todas as realezas humanas reunidas. A delicadeza de uma efêmera flor salmão convida docemente os olhos a um passeio pelo labirinto de sua cor. Sugere e não explica.

O Belo não precisa de complicações, o sutil balanço das Estrelas embala meus pensamentos. Minhas palavras logo desaparecerão como a Luz que vai sendo sufocada pela Escuridão do céu. Lentamente.

Essa paz que me domina, acredito que poderia dormir com ela agora, sob o manto azul da Noite que se forma á minha volta. Não preciso mais saber a letras da musica que chega aos meus ouvidos, não é necessário estudo para entendê-la.

Basta uma Alma.


Maria Helena Moreira

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Escolhas e caminhos




Quando eu era criança, me perguntavam o que queria ser quando crescesse. As minhas respostas variavam de acordo com a minha idade; já quis ser jornalista, veterinária, bióloga, escritora.

Quando os professores me perguntavam, queriam saber o que eu faria depois do colégio, e eu respondia da mesma maneira. Biologia, jornalismo, moda, Royal Academy of Dance.

E nunca me perguntaram quem eu era. Sempre foi óbvio, eu era uma criança, simples. Não se preocupavam com o meu ser e sim com o meu tornar. Mas antes de se tornar, é preciso ser.

Ser algo, ser alguém, ser algo para alguém, ser alguém para si mesmo. Bem, eu era bailarina. E ainda sou. Porém será isso o resumo do meu ser? Uma bailarina. Estática.

Jornalista, escritora, bailarina, bióloga. Muitos caminhos foram desenhados diante de mim, mas nenhum deles seria capaz de sobrepor o que eu sempre fui e sempre serei. 

Aquilo que meu coração tem de inato, aquilo que a minha alma sente e faz sentir.

Livre.



Maria Helena Moreira

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Venda

Oh, meu amor
Eles nos enganaram
E eu não consigo fugir disso.

Você tem certeza do que sente?
Sabe realmente que seu coração bate
Por um motivo certo?

Por que amar dói.
Elas fazem parecer tão fácil enganar-se,
Fingir um sentimento.

É algo banal para elas.


Mary Moreira