Foi o que disse Zeca Baleiro na musica “Meu amor, minha
flor, minha menina”. Neste fim de semana eu dei toda razão do mundo á ele,
apesar de não ter entrado em nenhum aeroporto nem em algum hotel, barato ou
caro.
Fui a uma festa, a verdade é essa. Uma festa intitulada “Violada”,
os detalhes eu não me lembro. É uma festa na qual duas duplas sertanejas, locais
e desconhecidas, tocam musicas próprias (poucas) e conhecidas nacionalmente.
Devo dizer que ouvi varias vezes as mesmas musicas, na versão original
reproduzida nos intervalos das duplas e nas versões de cada “banda”. Gente
dançando, bebendo, rindo, cantando... E eu me senti estranha.
Estranha e só, e fiquei imaginando quantas pessoas ali
também se sentiam assim. Quantas ali bebiam para se alienar e não pensar sobre
a sua própria solidão e existência? Quantas até se divertiam, e que, chegando
em casa, dormiriam sem pensar no que tinham vivido, nos sorrisos que tinham
visto?
Fico pensando se não lhes dói o coração, a alma, os sentidos...
Se não lhes pesam as lagrimas quando a euforia se vai, quando se dão conta do
que fizeram e do que não fizeram. Acostuma-se a esquecer, a deixar pra lá. Foi
só uma vez, sem ligações, sem mensagens, sem memórias, sem nada.
Penso que somos acostumados esquecer a dor que sentimos, a
tentar suportá-la até que passe, a não gritar quando nos dá vontade. Não se
pode dizer o que se sente, não se pode demonstrar o que se pensa. Podem não gostar,
podem te xingar, podem te censurar e então será esquecido num canto escuro, sem
ninguém. E mesmo sem fazer nada disso, me senti num canto escuro.
Não se apegue, não se
entregue, dificulte que eles gostam, faz cara de mau que elas amam... O mundo
anda tão cheio de medos, de sentimentos escondidos, de gritos contidos; não me
admira que esteja chegando o fim dos tempos. Vejo as pessoas como vulcões prestes
a entrar em erupção, apenas aquecendo seus interiores, controlando suas chamas
o máximo que podem, tentando não demonstrar fraquezas.
Pra que?
Mary