quinta-feira, 28 de março de 2013

Lutas


Na sala de espera de um médico, esses dias, li uma matéria numa revista médica sobre o desprezo na criação dos meninos. Todos os dias vemos lutas para que as mulheres sejam valorizadas e que sua criação inclua valores que são ensinados aos meninos; acho válido, mas que valores são esses?
Vamos pensar em uma cena clichê: a família se prepara para almoçar, num dia qualquer. O pai se senta á mesa, pode estar tomando uma cerveja e o menino pode esta jogando algum jogo no videogame, na sala.  A menina está na cozinha com a mãe, aprendendo a cozinhar, a organizar o espaço da culinária familiar. E está convivendo.
No ato de cozinhar, a mulher aprende muito mais do que misturar temperos. Aprende-se sobre a ancestralidade da família, hábitos passados de geração em geração; a menina aprende a se relacionar com sua cultura, aprende o modo de pensar dela. Pode-se dizer que é ai que começa a “escravidão feminina”: ela cozinha para servir ao pai e ao irmão, enquanto estes estão esperando por ela. Mas vamos voltar para o garoto que joga videogame na sala.
Ele não está convivendo. Na ânsia de que o homem seja o “dono” da casa, acaba-se esquecendo de que ele também precisa aprender sobre seu meio ambiente. O que ele saberá de sua cultura? Não é importante que os meninos saibam quais os costumes, lendas, hábitos que envolvem sua família?
Se quisermos que a mulher seja reconhecida no meio masculino, é preciso que o homem seja reconhecido no meio feminino também. Se quisermos que uma mulher seja levada a serio quando vai a uma oficina mecânica, por exemplo, teremos que aceitar o homem possa ser bem aceitos em cabeleireiros  É uma faca de dois gumes: é a mutua aceitação que está em jogo.
De nada adianta veicular imagens de homens cuidando de bebês, num estereótipo de bom pai, se quando ele ainda era um menino não lhe ensinaram a trocar as fraldas de sua irmã mais nova por que isso é “coisa de mulher”.

É o que eu acho.