A vida é cheia de
ritos de passagem, a sociedade mais primitiva criou momentos em que o
ser humano faz sua transição. E foi em 2014 que tive meu rito.
No ano de 2010 iniciei
uma jornada, parti do rito vestibular para uma nova – e assustadora
– viagem: A universidade. Durante quatro anos naveguei por águas
desconhecidas, visitei praias desertas e vilas povoadas, encontrei
pessoas no deserto e aprendi com elas na multidão. Vivi sonhos,
matei certezas e alimentei dúvidas.
Fiz tantos amigos e –
infelizmente – não me lembrarei de todos seus nomes. E cultivei
outros ainda, que levarei comigo no coração quando tudo estiver
perdido. Descobri coisas. Descobri tantas coisas e no final desta
jornada tão intensa tive um momento de solidão. Me formei em 2014.
Findei uma jornada para, quase que imediatamente, iniciar outra:
voltei à escola.
Também fiz amigos
nessa nova viagem, grandes e pequenos... literalmente. Conheci um
modo de amar tão lindo e puro que ás vezes me fazia ofegar.
Tive filhos em 2014.
Sim, no plural. Tantos com tantas singularidades e necessidades que
meu coração teve que aprender a se abrir cada vez mais para
recebê-los. Aprendi a ser mais humana, descobri aquele nosso lado
que nos faz agir sem pensar, sem esperar retorno. Descobri esse amor
exigente que assopra a própria mordida e que ama. Apenas ama.
Vi que o amor não pode
ser cego pois amar exige visão. O amor que descobri pedia ações
desesperadas, desesperadamente, um amor urgente, angustiado e
sorridente. Aquele que nos faz correr contra o tempo para sarar
feridas antigas e eternas. Me tornei algo maior, me tornei um espelho
para outros olhos, me tornei um exemplo. Acho que me tornei
professora.
Naveguei pela educação
em 2014. Fiz e refiz coisas, li e me indignei com outras.
Cresci.
Suei. Corri. Dancei.
Ganhei dinheiro em 2014, conquistei espaços,
nadei contra e à favor da correnteza, provei sabores e pessoas, me
joguei de penhascos, quebrei-me entre as pedras de alguns deles.
Tive crises, alegrias,
afogamentos e fui salva por aqueles amigos eternos até que aprendi a
nadar razoavelmente bem para não sucumbir. Descobri que preciso
mergulhar fundo em apnéia.
Faço votos que 2015
seja um ano de tirar o fôlego, para que eu possa aprender a
respirar.
Feliz ano novo.
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