quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ultimo suspiro.

As luzes não deveria estar mais longe? Ela não se lembrava direito a que distancia estava do teto, talvez metros, ou talvez quilômetros. Sentiu um vento frio nas pernas, alguma coisa molhava seus pés. Talvez neve, talvez sangue. Ela não se importava. E estava aquecida, apesar de tudo. Alguém segurava seu corpo. Oh, alguém chamava seu nome. Ela conhecia aquela voz, não conhecia? Aquele som lhe lembrou onde estava.
E então a dor veio.
Se tivesse voz talvez tivesse gritado mais alto, mas tudo que conseguiu foi ofegar e perder o ar. O braço ficou mais forte, as luzes entraram em foco e o rosto de quem lhe chamava surgiu a centímetros do seu. Ele podia ouvi-la?
Ah, como ela queria ter forças para retribuir àquela pressão, queria responde àquela voz, dizer-lhe que estava tudo bem, que ia ficar bem. Precisava. Descobriu que tinha forças para segurar aquele braço quente com mais força e começou a tentar falar.
Sua cabeça encostou mais no corpo dele, talvez no pescoço, a julgar pelo perfume que ela sentiu quando respirou aos trancos. Lutou contra as lagrimas quando se lembrou dos dias de verão que passara com aquele cheiro, com aquele calor.
Ele se mexia, estava chorando e suas lagrimas molharam o rosto dela. Quando foi a ultima vez que ela o vira chorar? Talvez ontem, talvez anos atrás. O gosto amargo em sua boca lhe deu forças para continuar tentando falar. Precisava que ele soubesse daquilo, tinha que lhe contar. Ele estava com medo, ela sabia, tinha que consolá-lo, tinha que fazê-lo mais forte. Ela não estava com medo.
Aquela dormência nos pés era boa, lhe lembrava o inverno e suas arvores brancas. Ele se lembrava das arvores? Ouviu um som alto e pedaços de alguma coisa dura caíram sobre suas costas, mas ela já não sentia mais nada além daquele perfume. Ele apertou mais seu corpo, causando-lhe dor, mas isso já não importava.
Disse algo que ela não entendeu, mas também não fazia mais sentido o que quer que fosse. Estava chamando?
Talvez uma velha piada, um trocadilho, uma senha. Talvez uma declaração de amor.
Talvez um adeus.


Mary.
~*~



Me segure amor, você sabe que não posso ficar mais.
Tudo que queria dizer é que te amo e que não estou com medo.
Pode me ouvir?
Pode me sentir em seus braços?

Segurando meu ultimo suspiro,
Presos dentro de mim estão todos os meus pensamentos sobre você.
Doce luz extasiada, tudo acaba aqui essa noite.

Eu vou sentir falta do inverno, um mundo de coisas frágeis.
Me espere na floresta branca, se escondendo numa arvore vazia
Eu sei que você pode me ouvir, eu sinto isso nas suas lagrimas.

Fecho meus olhos para desaparecer, você reza para que seus sonhos te deixem aqui.
Mas ainda assim você esta acordado e sabe a verdade: não há ninguém aqui.

Diga boa noite, não tenha medo.
Me chame, me chame
Enquanto você se anula na escuridão.

~*~


Musica: My last breath – Evanescence

4 comentários:

  1. Adorei Mary, siga escrevendo sempre, junte-se aos loucos escritores como eu.... rs

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  2. Talvez seja essa a profundidade de um sentimento sincero nos tempos atuais.
    Parabéns, texto realmente bonito.

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  3. Doce, lindo, amargo, suave, triste, forte... Tudo junto nesse seu lindo texto. É possível ouvir o último suspiro! "Ouviu um som alto e pedaços de alguma coisa dura caíram sobre suas costas, mas ela já não sentia mais nada além daquele perfume."
    Parabéns!

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  4. Para mim é tão dificil comentar... é que sempre acho tudo que voce faz muito lindo! Persevere! Beijos

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