quinta-feira, 7 de abril de 2011

Massacre no Realengo.

Eternizado pela musica de Gilberto Gil, o bairro do Realengo na zona oeste do Rio de Janeiro foi palco de uma chacina. Um ex-estudante de uma escola do bairro atirou contra os alunos de uma sala da 8ª série. Treze pessoas morreram e dezoito ficaram feridas.
Entre lágrimas e juras de vingança, encontrei uma declaração do arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta:

"Assim como as crianças vítimas, o Wellington merece oração também. Ele devia ser uma pessoa doente ou mesmo desequilibrada e que infelizmente causou um choque enorme à sociedade."

Achei ótima a iniciativa dele de dizer, em outras palavras, que o assassino não é um monstro que merece ser jogado em uma vala comum, como li em alguns comentários nos sites de noticias. Uma pequena pesquisa mostra que ele aparentemente sempre teve problemas com socialização e recentemente havia perdido a mãe. Resumo da ópera: uma pessoa naturalmente desequilibrada e sem seu ponto de apoio maior, com raiva da sociedade. Nessa lógica, a reação dele torna-se esperada.
Não estou dizendo que ele teve razão, apenas expressando meu ponto vista. Penso que ninguém em seu juízo perfeito atiraria contra crianças e adolescentes por simples prazer, e depois cometeria suicídio. Assim como não encomendaria a morte de seus pais, nem mataria a noiva e jogaria o corpo em um matagal.
Fico muito triste com essa situação, solidária com as famílias que agora choram a morte de seus parentes e amigos; mas não sinto uma revolta assassina para com o atirador. 
Um colega meu disse em uma rede social:

"Que Deus guie as crianças e que  o Diabo leve o Assassino!"

Isso me revoltou de tal maneira que comentei logo abaixo, expressando minha revolta com o pensamento de que se há crença em um Deus misericordioso, não pode haver a crença em um Demónio implacável! Na minha visão do mundo, concordo plenamente com o arcebispo do Rio,  que tanto os assassinados quanto o assassino merecem o perdão!
O que precisamos hoje é de decidirmos, afinal, qual é a nossa posição! Se dizemos que somos católicos apostólicos, que acreditamos em um Deus único e misericordioso, não podemos condenar a alma de ninguém  - mesmo a de um assassino - ! Se dizemos que somos de alguma religião, seita ou algo que o valha que aceita a existência de um deus do Mal, ou que "aqui se faz, aqui se paga", não podemos então acreditar em um ser superior misericordioso.
Ou um ou outro!
Poderia ficar horas escrevendo sobre isso, mas acho que já escrevi demais. Meus pêsames ás famílias  desfalcadas de seus parentes e aos grupos que perderam seus amigos.
Força!

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